segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

UM AMOR BEM INCOMUM

O Josemario tinha certa raiva de seus pais que, ao batizá-lo, lhe deram este nome inusitado tudo por que dois tios queriam que ele carregasse seus nomes e ele teve que aturar, desde a tenra idade este horror de nomes juntos (segundo ele). Bem vamos à sua história, que o pessoal aqui quer sangue, digo texto.

Desde pequeno o Josemario tinha verdadeira adoração pela sua vizinha, a Marisa. Ela gostava do rapaz, mas nada de querer alguma coisa mais compromissada com ele; sempre disfarçava que queria estudar, curtir a vida e que quando fosse mais velha, ia pensar no caso.

Uma coisa interessante destes dois era que a Marisa jurava de pés juntos que quando os dois eram pequenos, ele com 10 e ela com 7 anos, o Josemario tinha "voado". Como ninguém nunca pediu contra prova, o fato passou em brancas nuvens, mesmo a Marisa dizendo que viu o rapaz voar.

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O tempo passou (grande coisa, que descoberta, o tempo sempre passa...) e nos vemos na formatura da faculdade da Marisa, no curso de Psicologia e o Josemario em Medicina na mesma faculdade.

Ela resolveu montar um consultório com uma amiga e ele resolveu se especializar em Necropsia, aquela área da Medicina que trata de cadáveres e age junto os IMLs policiais.

Tudo ia bem até que... (lá vem o escritor) durante uma festa em que alguns beberam um pouco mais, o carro em que estavam na volta, capotou e, dos quatro, dois faleceram e dois ficaram feridos (a Marisa era um deles). Por incrível que pareça, o Josemario não estava de plantão, mas na casa de um dos tios que lhe deu um dos nomes.

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Dez dias depois do acontecimento, o pessoal comunicou-se com o Josemario com um recado: "A Marisa quer te ver, está no Hospital e não está bem, é pra você vir logo..."

O rapaz desesperou-se. Todo aquele bem querer (eta terminho ruim, vou mudar...), amor mesmo que ele tinha por ela, aflorou e ele se não foi voando, foi correndo ver a hoje psicóloga e linda mulher.

Entrou na UTI com os "bofes" pra fora, mas chegou. Os familiares estavam na cabeceira e foram logo direto ao assunto: "A Marisa quer casar com você. Isto se você quiser ainda."

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O rapaz foi pego de surpresa e quase nem conseguiu falar. Pensou nos muitos anos em que correu atrás da amada e ela nada. Pensou como a vida é estranha. Tantas oportunidades para acontecer isto e somente agora, na UTI, ela resolveu aceitá-lo.

Mas pelo sim pelo não, respondeu que queria.

O pessoal chamou o escrivão, o padre que atendia no Hospital e prepararam tudo. Em menos de duas horas, o casamento estava realizado.

Feliz o rapaz não estava porque a mulher ficaria ainda muitos meses no Hospital. Bem, os familiares deixaram a Marisa por sua conta; agora era sua esposa.

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Um dia, ao abrirem a porta do quarto de Marisa, os enfermeiros não viram nem a moça e nem o Josemario. A janela estava aberta e nem sinal dos dois. Nunca mais eles apareceram.

Será que, finalmente, o Josemario resolveu voar e levar sua amada com ele? Ficou a dúvida.

Nosso poeta, consultado, deu a dica: "Se você ama alguém, quer ter esta pessoa para sempre. Mostre para ela o que você é, realmente. Se ela o amar, vai entender. Quem ama compreende e aceita a pessoa amada como ela é." Inspirado nosso poeta, hein???

LUIZ ANTOJNIO MAIA - Direto do JORNAL TRÊS para o blog

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